4 de abr. de 2017

Adaga e Suflê

Eu sinto como se o futuro tivesse chegado e eu não tivesse oportunidade de tornar nada nem próximo do que eu esperava que fosse. Ufa !
Ultimamente eu falo sem pausas e escrevo sem vírgulas, choro sem lágrimas e sorrio sem som, como quem passa pela vida achando que está em uma corrida e que precisa chegar a linha de chegada o mais rápido possível.
Eu vivo os dias que parecem não ter 24 horas, exatamente, nunca. É uma oscilação constante entre dias sem fim e dias que acabam antes de começar.
Minha cabeça tentou dar vazão à uma personagem que na verdade era uma psicopata e matou todas as outras que poderiam existir. Sabe o que sobrou ? Só eu. Seca e empoeirada. Eu.
Não escrevi sobre mais ninguém desde então e sinto dizer, não vivi um segundo a mais.
Tudo é constante pesadelo quando não é apatia. Morte nunca foi uma palavra tão recorrente em meus pensamentos. E a vida, a vida é mesmo um desafio que eu não consigo enfrentar.
Eu já não leio mais, não deito na cama à noite e sonho um sonho novo, não tenho a mesma curiosidade sobre sexo, não faço contas com a mesma frequência e nem traço metas malucas que acredito conseguir realizar.
Todos as passagens de tempo são só isso, passagens de um tempo ruim para, quem sabe, um pior.
E eu me desanimo. Desanimo porque sou humana e queria conseguir amar e sentir e sonhar e desejar e respirar como a maioria das pessoas faz. Desanimo porque a cada momento é como se eu não me reconhecesse dentro de mim mesma, ou o que eu me tornei.
Eu sou um poço de medo e me envergonho disso. Sabe, eu nem vou ler esse texto antes de posta-lo porque realmente eu não quero apaga-lo, mas sei que se eu ler, vou me sentir uma porcaria por ter perdido aquele negocio especial que me fazia amar combinar as palavras e formar adagas afiadas para entrar fundo nas almas das pessoas.
Adaga! Adagas! Eu gosto dessa palavra como gosto do som de suflê. Suflê fica bonito, engraçado e sexy na boca de qualquer ser humano. Enquanto adaga soa melancólico e nostálgico, beirando ser teatral, e capaz de transportar a alma mais solitária à um lugar onde ainda morrem de cólera e sofrem dos nervos.
Sabe o que disse sobre não ler esse texto? Eu menti, e isso é uma coisa que eu odeio fazer, mas eu ainda prezo minha reputação o suficiente para permitir que esse texto chegue até quem o ler com erros ortográficos. Ufa! Esqueci de respirar de novo.
Mas o mais incrível é que enquanto eu dedilho esse teclado digital posso sentir que talvez esse seja o meu destino. O mundo não é cruel e eu sei disso, tenho sido fraca mesmo e assumo, mas estou viva e sobre pensar sempre sobre a morte... Esse é só o final mais coerente para qualquer personagem escrito na história, mesmo que venha depois de um final feliz; porque eu, eu quero completar 40 anos e poder dizer que meu dinheiro dá para colocar quanto botox eu quiser!

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