Já fazem 4 anos desde o primeiro texto. Tanta coisa
aconteceu. Tantas lágrimas derramadas até a fonte secar. Eu ainda ouço as
mesmas músicas enquanto tento escrever. Mas eu acho que matei todos os
personagens que existiam comigo e em mim. Alguns se suicidaram e outros partiram
em algum acidente, mas todos morreram na hora certa, na hora em que eu achei
melhor. Então vou escrever sobre o que ainda consigo, até aqui não tenho
planejado.
Durante esse tempo eu mudei tanto, tanto que nem eu sou
capaz de acreditar. Eu comecei a escrever porque a dor de amor era grande
demais para aguentar sozinha, e continuei escrevendo porque essa dor parou e eu
comecei a sentir alegria de amor... até que voltei a escrever sobre dor de
novo.
Mas na segunda vez a dor foi como se me roubassem algo com
que eu tinha sonhado muito e tinha conseguido. Foi como ter os pulmões
amarrados por linha de pesca, impossível de respirar sem se machucar. Foi como
não ter chão, foi como não ter alma, foi como sentir-se tão só a ponto de não
querer viver. Foi como levar um tiro de canhão no centro do peito. Foi como
enfrentar o frio do Alasca só de regata e shortinho depois de rolar montanha
abaixo, total e indiscutivelmente, assustador.
Até então eu não acreditava que alguém podia amar tanto,
para mim tudo não passava de um acordo do tipo “eu vou gostar de você e você
vai gostar de mim, mas no dia em que um dia de nós não quiser mais, tudo bem! a
gente se separa e segue normal’’ além de acreditar também que qualquer um que
não seguisse esse padrão era louco. Mas como a vida é uma peça de teatro
dirigida por um diretor piadista, eu tive a minha experiência para descobrir
como era de verdade.
É como se você visse alguém e seus olhos se enchessem de
brilho; seu coração parasse por um milésimo de segundo e retornasse bater em um
ritmo nunca antes conhecido por você –exatamente como quando duas pessoas
tentam combinar o andar-; é como sentir um calor nas bochechas que não te deixa
manter a expressão séria; é como querer falar sobre como misturar manga com
leite faz mal, apenas para ter assunto e é como se você não suportasse a ideia
de que amanhã pode ser que você não veja aqueles olhos que te encantam tanto.
O amor é a doença mais seria de que já compadeci, porque não
tem remédio em farmácia. Não existe uma forma de conter os planos que se formam
na sua cabeça sempre que aquele nome passa pelos seus pensamentos, que nessa
altura do campeonato já são 3x mais acelerados, porque não existe uma forma de
garantir o futuro e nem de apagar o passado. O grande problema é que um dos
sintomas mais graves de quem ama é, justamente, a falta de noção de tempo. Quando
amamos alguém esquecemos que o dia tem 24 horas e 365 dias por ano. Eu esqueci
disso no instante em que eu o vi.
A minha lembrança não é, nem de longe, parecida com a
realidade. Eu guardei os traços do rosto, a textura do cabelo e alguns olhares;
mas o que o meu cérebro não encarou como experiência traumática e apagou, ele
mesmo bagunçou e enfeitou.
Eu escrevi por mais algum tempo enquanto eu sofria. Porque
eu ainda não consigo entender, mas somente os personagens dessa época escutaram
meu pedido de socorro, afinal eu não consegui derramar uma lágrima. E a gordura
do meu corpo foi embora também. Não havia sono que me fizesse dormir em paz e
não sonhar; não havia dipirona suficiente no mundo para parar minha dor no
peito; não havia nada que me ajudasse a encontrar paz. Eu busquei conforto como
quem busca um tesouro. Eu implorei a Deus, eu me envolvi com outros homens, eu
saí, eu fiquei em casa e tomei antidepressivos, eu quis vê-lo de novo e vi, mas
a paz não veio.
A calma não chegou à alma quando eu o vi porque um vaso quebrado
e remontado não deixa de ser um vaso quebrado. E meu orgulho supera qualquer
outro sentimento que há em mim. Além do mais, eu já estava acostumada com a
saudade sendo minha parceira no dia a dia. E eu vou contar um segredo que vai
te surpreender, saudade não é vontade de ganhar novamente e sim, vontade de
nunca ter perdido.
Dali em diante os dias passaram até o momento em que eu
decidi dar adeus ao passado e dei. Escrevi um último texto jurando nunca mais
escrever para ele, e foi o último para ele e por ele. Eu queria tanto encontrar
sossego que eu abri, sim, mão do amor de cinema; fosse ele dor ou alegria. E
encontrei depois de algum tempo, tranquilidade, um amor tranquilo.
Hoje eu escrevo de novo, não sendo por amor e nem por dor,
escrevo só porque o vazio das palavras é difícil de suportar. Mas eu amo
alguém, amo como quem se senta à beira de uma macieira no fim da tarde e sabe
que os furacões não passam por ali, amo em paz. É suficiente por agora e talvez
para sempre. Não é um amor de cinema, mas é um de vida real. Amores de cinema
dão muito trabalho e agora tudo o que eu quero é ter uma barriga sarada e pagar
o meu cartão de crédito em dia.
Alguns momentos atrás,eu li algo escrito "O ultimo texto para ele " ,quando li o titulo me perdoe mas eu ri , pois quase tudo que você disse e verdade,mas ele fica ra na sua lembrança,você ainda vai sentir muita dor por conta dele ,não tem praso pra fim mas tem que aceita lá,quanto mas feliz você for ,e quanto mas esqueçer ele ,quando você lembrar será uma dor imensuravel,minha historia e parecida com a sua,mas a minha não chega perto,eu sei que tem horas, você se senti só,quanto mais penso no que fazer percebo que pensar me fere cada vez mais ,espero que você se supere ^^.
ResponderExcluirE eu gosto de você ^^(Sr.B).
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