31 de mai. de 2018

Carne

E existiu como a luz, teoricamente, se fez no mundo.
Numa explosão, que me devastou inteira, acabou com o meu “eu”, e obrigou meu corpo a existir só, deixando minha mente num limbo antes não conhecido.
Ali já não havia mais de mim, além do que outrora eu fora.
Uma carcaça vazia, dorida.
Antes, um ser frio e imaginário, era me o suficiente.
Agora, eu precisava de carne, fresca e de modo desesperado.
Engolindo-me as entranhas, eu própria, enquanto faltava quem fosse a refeição.
Num espaço em branco, já não haviam lápis para rabiscar.
E quem é o tolo, que terá sobrado dessa terra, para poder continuar uma vida insossa ?
Sou eu.
Porque tu, foste rápido demais. E a minha alma, lenta, que não conseguiu te acompanhar, ficou.
Agora em lençóis cor de rosa, de um tecido sintético qualquer, meu corpo tem ataques de ansiedade.
Às vezes eu rezo para que seja um infarto, mas nunca é.
E você, do outro lado, irônico eu sei.
Porque tua alma era tão pura, e suas palmas tão calejadas, que mesmo sem que tu quisesses, Deus te daria um espacinho lá no céu para chamar de seu.. 

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