Porque dói a tua respiração no meu cangote.
Porque o cheiro, que os teus poros tem exalado, é mais dela do que teu.
Porque a agonia da incerteza me resseca a garganta e causa taquicardia.
Porque você não é nem de você mesmo, quem dirá de alguém.
Então parta,
Para onde eu não te buscaria nem se pudesse.
Para que bem longe de mim os teus suspiros sejam silêncios.
Para que o tique-taque do teu relógio acabe e não haja como trocar a bateria.
Parta,
Que a tua presença não é só presença,
É dedo anelar que ajeita as sobrancelhas grossas,
É piada cantada,
É pé pequeno de unha bonita e arredondada.
Parta,
Porque nada do que eu digo você entende.
E eu, que não digo nada, até parece que te grito o dia todo.
Parta,
Porque o teu orgulho é grande e o sentimento... nunca nem cogitou existir.
Parta,
Porque quando abro a boca eu não sou dama.
Eu sou menina de bochechas grandes e pensamento acelerado,
Que às vezes te faz dar risada e às vezes te irrita.
Porque eu não sei ser perfeita, e a tua “espera” de mim, me desestabiliza.
Perco o rebolado, entorto o salto e confundo o lado certo de encaixe.
Depois morro de gargalhar.
Porque as minhas falhas, não me classificam.
Ou parto eu,
Eu mesma.
Em duas,
Metades inteiras.
Que aqui não fico mais,
Ouvindo você se desenrolar e enrolar nas tuas próprias mentiras,
Enquanto eu finjo que não sei da verdade.
Porque a tua mão na minha cintura é feito elástico de aço,
Se estica e retorna,
Forte.
Parto de ti e pra mim,
Para o meu conforto.
Para a minha paz.
Parto,
Porque você é maremoto disfarçado de maré mansa,
E eu,
Me afogo até em piscina infantil.
Eu não sei nadar.
Parto,
Só com passagem de ida,
Para qualquer lugar onde meus olhos não te alcancem.
Onde tudo o que terei,
Serei eu.
Parto,
Porque não completei nem 22 ainda,
E sua unidade ainda não representa raridade.
Sua unidade representa partida,
A minha.
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