16 de abr. de 2014

365 Dias

Te vejo 365 dias longe de mim. Te vejo ao meu lado. Fecho os olhos e sinto sua respiração próxima à minha pele, sinto seu cheiro, sinto seu peito batendo junto ao meu. Abro os olhos e não o encontro, me deparo com a realidade: estou só, sem ti e, sem mim.
Me recordo com detalhes daquela noite de terça-feira. Você veio ao meu encontro, sutil, me roubando a cada segundo; singelo, me trazendo para sua dimensão -dimensão essa que até hoje não me deixou escapar. E quando eu me dei conta, não havia mais como voltar para casa, seus braços eram meu lar. E eu não queria mudar isso.
Era como um sonho. Era um sonho. Ver teus olhos, negros e profundos, me olhando com cuidado e temendo que eu desaparecesse, abria as portas para chegarmos em casa. Paredes com belos quadros, chão atapetado, lareira sempre acesa, poltronas confortáveis, e uma doce garotinha a nossa espera.
Se isso não era o paraíso, o paraíso não existe.
Me deito agora entre a relva molhada. Me questiono onde foi que eu errei. Não consigo lembrar-me do que fiz da chave de casa. Queria poder me lembrar, para haver algum jeito de achegar-me contigo sob nossas cobertas, frente ao fogo crepitante, e junto de nossa menina.
O vento aqui está forte, e passa por dentro do buraco em meu peito, carregando gotículas de dor e sangue pela brisa. É como se a pele que cobre meu corpo estivesse sendo desfeita em linhas, camada por camada, até se tornar um emaranhado de fios. E não há nada que eu possa fazer pra evitar que isso aconteça, na verdade, eu só quero que isso acabe logo e que a inconsciência me tome. Não suportarei uma vida inteira longe de ti. Então, que aqui se acabe para mim.
Que você cuide do paraíso que criamos, que ninguém além de você volte a entrar lá, e que a nossa mocinha jamais conheça o mundo em que não somos só nós três.  Sentirei falta do mundo maravilhoso em que nós éramos reis do tempo, do destino, e de nós mesmos. Espero que não sinta saudades minhas mas, se sentir, deixe uma cópia da chave sob o capacho da porta de entrada que eu estou correndo de volta. Correndo para continuar de onde paramos, continuar o que começamos um ano atrás.

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